Quando o Papa reza três vezes”: Rito de canonização é modificado

Salve Maria,

No próximo domingo, 21 de outubro, será celebrada, na Praça de São Pedro, a canonização de sete novos santos, um dos acontecimentos importantes do ano da Fé que está sendo vivido pela Igreja. Além disso, nessa ocasião, o Santo Padre utilizará pela primeira vez um novo Rito para as cerimônias de canonização, preparado pelo Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, que realiza algumas modificações no ritual até então vigente e recupera alguns signos do rito antigo. Apresentamos a nossa tradução da entrevista que Mons. Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, concedeu ao L’Osservatore Romano.

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Então, o rito de canonização já não será realizado durante a celebração eucarística?

Exatamente como já ocorreu, por outro lado, para os outros ritos: pensemos no rito do Resurrexit, ou domingo de Páscoa; no consistório para a criação de novos cardeais, a partir do último dia 18 de fevereiro; e na benção e imposição dos pálios aos arcebispos metropolitanos, na recente solenidade dos santos Pedro e Paulo.

Qual é o motivo de fundo?

Evitar que dentro da celebração eucarística estejam presentes elementos que não pertencem estritamente à mesma, mantendo assim intacta a unidade, como é pedido pela Constituição conciliar sobre a sagrada liturgia Sacrosanctum Concilium. Além disso, não se trata de modificar uma tradição consolidada, mas sim uma prática recente. A canonização é fundamentalmente um ato canônico, no qual estão envolvidos o munus docendi e o munus regendi. O munus santificandi entra em cena em um segundo momento e está constituído pelo ato de culto que segue a canonização.

Em poucas palavras, para dizê-lo com o documento do Vaticano II citado pelo senhor, “sã tradição e legítimo progresso”?

Certamente, se bem que, neste caso específico, a renovação do rito de canonização se insere na esteira do caminho iniciado por Bento XVI em 2005. Foi então que a Congregação para as Causas dos Santos, comunicada no dia 29 de setembro, dispôs – logo após as conclusões do estudo das razões teológicas e das exigências pastorais sobre os ritos de beatificação e canonização aprovados pelo Santo Padre – que a canonização continuaria sendo presidida pelo Pontífice em São Pedro, enquanto a beatificação seria celebrada por um representante dele, normalmente, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, na diocese interessada. A canonização, de fato, é uma sentença definitiva, com a qual o Sumo Pontífice decreta que um servo de Deus, já incluído entre os beatos, será incluído no catálogo dos santos e será venerado na Igreja universal com o culto devido a todos os canonizados. Trata-se, portanto, de um ato preceptivo e universal. A autoridade exercida pelo Papa na sentença de canonização será agora, todavia, mais visível através de alguns elementos rituais.

Além da mudança de lugar do Rito, que ocorrerá inteiramente antes do início da Missa, quais são esses elementos rituais?

Em primeiro lugar, o triplo pedido, durante o qual o cardeal Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos se dirigirá ao Santo Padre para pedir-lhe que proceda à canonização dos sete beatos. Portanto, recupera-se, se bem que de forma renovada, a antiga tradição segundo a qual o Papa reza com insistência para pedir a ajuda do Senhor na realização do importante ato. Em particular, em resposta à segunda petição, ele invocará o Espírito Santo e, depois de tal invocação, será entoado o hino Veni Creator. Em segundo lugar, o canto Te Deum, presente no Rito de canonização até 1969, acompanhará a colocação e a veneração das relíquias dos novos santos.

Com relação à procissão com as relíquias dos novos santos, está prevista alguma outra modificação?

A habitual procissão fará uma breve parada em frente ao Santo Padre que, assim, poderá venerar as relíquias. Uma vez que sejam colocadas perante o altar, as relíquias serão incensadas pelo diácono.

A revisão do rito de canonização, como já ocorreu com outros ritos, comporta também uma simplificação?

Diria que sim. E também esse é um aspecto importante do rito renovado, junto aquele de sua reforma em continuidade harmônica com uma tradição já secular. Deste modo, é possível realizar o “esplendor da nobre simplicidade” auspiciado pelo Concílio Vaticano II. As ladainhas os santos acompanharão a procissão inicial, resultando antecipadas com relação à praxis atual. Ocorria assim durante o pontificado de Pio XII, a partir de 1946. Serão também omitidas as biografias dos novos santos por parte do Prefeito, dado que o Santo Padre, como é costume, as apresentará brevemente durante a homilia. Não está já previsto, finalmente, a saudação pessoal do Pontífice por parte dos postuladores, que poderão encontrá-lo brevemente depois da Missa, na sacristia da basílica Vaticana.
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Fonte: L’Osservatore Romano
Tradução para Espanhol: La Buhardilla de Jerónimo
Tradução para Português: Fratres in Unum.com

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